quinta-feira, 25 de julho de 2019

Por que dietas restritivas não funcionam?



Sofia quer emagrecer e decidiu que agora vai tentar cortar “tudo o que engorda”. De manhã, mesmo morrendo de fome, não come nada afim de “economizar calorias” e também porque exagerou na noite anterior. No meio da manhã, a fome começa a apertar um pouco mais. Ela tira da bolsa uma barrinha de cereais, afinal disseram que é saudável. Hora do almoço! Parece ter um alien dentro do estômago de Sofia. Ela costuma comer no buffet por quilo, serve um grelhado (tem que ter proteína, né?) e uma salada, que se resume a duas folhas de alface e algumas rodelas de tomate. E era isso. Durante a tarde, hora do lanche! Ainda não teve fruta nesse dia, então bora comer... uma mísera maçã! Chega o fim do dia e a coitada da Sofia está com dor de cabeça e mau humor porque passou o dia apenas com um grelhado, uma salada e uma maçã. Chegando em casa, ela quer comer até as paredes do apartamento e, como também está cansada, resolve ligar para o delivery de comida, pede uma pizza (“só hoje não tem problema”) e um refrigerante zero. Diz ela que vai comer só duas fatias como jantar, mas a fome é tanta que acaba devorando a pizza inteira. Sente-se culpada e o ciclo de restrição-exagero se repete no dia seguinte.

Histórias como essa são bem comuns por aí. Isso vai levar a algum lugar? Vai trazer algum resultado? Não! E se trouxer, não vai ser duradouro, porque você tem duas opções: comer dessa forma para o resto da vida (haja persistência e saúde!) ou reeducar seus hábitos. Se dieta restritiva funcionasse de forma efetiva por que os números de sobrepeso e obesidade continuam crescendo? A base precisa ser mudada, a relação com os alimentos! Aprender a comer com atenção, perceber sinais de fome e saciedade, entender que o que prejudica o sucesso do seu emagrecimento não é o pão francês e nem um prato de arroz com feijão, mas sim o excesso de produtinhos congelados, diet e light, a falta de hábito de ir para a cozinha e fazer a própria refeição e comer aquilo que a sua avó reconheceria como comida! 

A restrição calórica é sinalizada em artigos científicos como necessária para o emagrecimento (bem como exercício físico e sono adequado), não de forma severa e sim aliada à adequação da qualidade dos alimentos e ao consumo de itens que proporcionem maior saciedade ao longo do dia! Claro que isso é só a pontinha do iceberg quando se fala em emagrecimento. Temos que levar em consideração aspectos genéticos, da microbiota intestinal, psicológicos, entre outros, para o manejo do sobrepeso e obesidade!

O nutricionista é o profissional que pode te acolher para ajudar nesse processo que não é fácil, mas é possível! Invista na sua saúde e bem-estar!

terça-feira, 16 de julho de 2019

"Virei vegetariano/vegano. Preciso de suplementação?"

A resposta é... DEPENDE! Embora alguns nutrientes mereçam atenção em pessoas vegetarianas/veganas, o que vai dizer mesmo se você precisa de suplementação é se você tem ou não uma alimentação variada (rica em vegetais, frutas, leguminosas, entre outros, e não aquela alimentação monótona à base de batata, arroz e macarrão que muitos têm), além da análise de exames bioquímicos e sinais e sintomas, como pintas nas unhas, queda de cabelo, cansaço excessivo... Isso, na verdade, vale também para quem não é vegetariano ou vegano!

Os nutrientes que eu mencionei que merecem atenção são ferro, cálcio, zinco, vitamina D e vitamina B12. Isso porque as maiores fontes, em geral, costumam ser de origem animal (carnes, ovos, leite e derivados), mas não quer dizer que uma pessoa vai ter deficiência apenas por isso. Até porque o reino vegetal é abundante em todos esses micronutrientes, EXCETO a vitamina B12, que é produzida por bactérias. Desta forma, torna-se importante o planejamento da rotina alimentar nesses pacientes por um nutricionista capacitado. Quer saber mais sobre alimentação vegetariana? Leia este post aqui!

A vitamina B12 é estocada no fígado, então, é possível passar meses ou anos com níveis ótimos nos exames. A deficiência de vitamina B12 pode ser comum mesmo em pessoas que comem carne e outros itens de origem animal, você sabia? Isso pode acontecer por má absorção, já que necessita do chamado fator intrínseco presente no estômago para tal. É por isso que aqueles que fazem cirurgia bariátrica costumam suplementar essa e outras vitaminas. De qualquer forma, o ideal é monitorá-la de tempos em tempos por meio de exames (leia mais sobre exames no acompanhamento nutricional clicando aqui) e, se necessário, realizar a suplementação com acompanhamento de nutricionista (apenas por via oral) ou médico (pode prescrever injetável). Vale destacar que deficiência de nutrientes se corrige com suplementação e não com alimentos, ok?

Você tem alguma dúvida sobre alimentação vegetariana? Manda nos comentários e lembre-se que nenhum post substitui uma consulta com nutricionista!

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Eurotrip da nutri: Experiências com Alimentação

Quem me acompanha no Instagram (segue lá: @nutritassia) sabe que estive recentemente na Europa, onde fiquei por 19 incríveis dias passando por Budapeste (Hungria), Bratislava (Eslováquia), Viena (Áustria), Praga (República Tcheca), Munique (Alemanha) e Roma (Itália). Compartilhei algumas das minhas refeições lá no perfil, mas quis escrever este post para contar com mais detalhes sobre a minha experiência.

Bom, pra início de conversa é importante dizer que eu não me importo com "grandes experiências gastronômicas" em uma viagem. Essa coisa de viajar para comer em restaurantes caros e famosos não tem muito a ver comigo. Então, isso ajuda a dar uma boa economizada. É claro que pode ter uma vez ou outra com gastos maiores com comida, mas prefiro gastar em alguns passeios, por exemplo, e simplesmente aproveitar cada momento. Isso não significa sobreviver à base de fast food, taokei?

Refeições a bordo

Foi a minha primeira viagem internacional após ter me tornado vegetariana, há 3 anos, portanto, já no voo de ida tive meu primeiro "causo" com alimentação. É possível escolher refeições especiais para voo internacional, vocês sabiam disso? Em geral, essas refeições especiais são classificadas em "dietas médicas" (aqui entram refeições para diabetes, com baixa caloria, com baixo colesterol, baixo sódio, sem lactose, ovolactovegetarianas e veganas, por exemplo), "religiosas" (refeições kosher, hindus e muçulmanas) e "para crianças" (de 0 a 24 meses e 2 a 12 anos, nessa última podendo incluir doces e hambúrgueres...). Apesar de eu não ser vegana e sim ovolactovegetariana, eu selecionei a opção vegana para minha refeição especial ao comprar a passagem, no site da companhia aérea (a minha foi a Alitalia). Pode ser por telefone também (em algumas companhias até por Twitter, como no caso da Alitalia), desde que com pelo menos 24h de antecedência do seu voo (não sei se o prazo é igual para todas as companhias).

Antes da viagem, já tinha lido relatos sobre erros na hora de servir a refeição especial nessa companhia aérea (veio camarão na refeição vegana #deuruim), no entanto, não tive problemas com as minhas em nenhum voo. Assim que o voo decola, um comissário vem confirmar se a tua refeição é especial. Na hora de servir, esse tipo de refeição é servida primeiro, então, é meio engraçado porque algumas pessoas ficam olhando tipo "por que essa pessoa é mais importante que recebe primeiro que os demais??", hahaha.

No voo de ida (foto abaixo), tive 2 refeições: o almoço e o café da manhã do dia seguinte. Tirei foto apenas do almoço, que tinha: hamburguinho de soja com molho de tomate (delicioso!), arroz integral, legumes cozidos, saladinha variada, frutas, homus, um pãozinho e uma barrinha de nuts. Vinha também azeite, sal e pimenta pra temperar. No café da manhã, que eu não tirei foto, veio um sanduíche com tofu e salada, frutas picadas, outro pãozinho, uma geleia, suco de laranja integral e café. Geralmente falam mal de comida de avião, mas eu gostei de tudo!

Almoço do dia 09/06 na companhia Alitalia
No voo de volta, também foram 2 refeições: o jantar e o café da manhã do dia seguinte, só que desta vez eu não tirei fotos de nenhuma delas. Veio mais ou menos no mesmo padrão e de novo mais equilibrado nutricionalmente do que as refeições "padrão" do voo. Só o café da manhã que veio um pouco diferente: em vez de pão veio um couscous marroquino com vegetais, um pudinzinho vegano à base de soja (tipo o brasileiro "Danette"), biscoitos de arroz, além de frutas, água e café. Tanto na ida quanto na volta, outras bebidas são oferecidas: outros sucos, refrigerante e vinho (tomei no jantar :D).

Ponto negativo: tudo vem com muito plástico, o que gera uma "lixaiada". Acredito que isso possa mudar com o tempo! Para as próximas aventuras, pretendo aderir aos talheres para viagem, que não são descartáveis. É só lavar e usar de novo depois!

Café da manhã durante a viagem

Não ficamos em hotel e sim em apartamentos do AirBnB. Todos eles têm cozinha, o que facilita a vida um bocado. A ideia obviamente não é ficar cozinhando, mas ter uma geladeira, fogão, micro-ondas e forno à disposição ajuda bastante a economizar em algumas refeições. No meu caso, em geral, foi o café da manhã. Todos os apartamentos tinham alguns itens à disposição, como chás, cafés, açúcar, sal, óleo...

Em todas as cidades que passei, fui a supermercados para conhecer (claro!!) e comprar alguns mantimentos. Fiquei encantada com a quantidade de produtos vegetarianos e veganos que existem na Europa! Tem de tudo: queijos, iogurtes, bebidas vegetais, bolinhos, congelados diversos... Eu sempre falo que não é legal depender só de industrializados, porém, comprei algumas coisas pra testar sim, já que aqui no Brasil não tem metade das coisas e quanto tem é mais caro que lá (chateada!). 

Na primeira cidade que eu fui (Budapeste), comprei um pacote de farelo de aveia que me acompanhou até Praga! Comprei justamente porque ia me durar uns bons dias e é super versátil: posso colocar no iogurte, fazer aveioca, sobre as frutas... Além disso, optei por iogurtes e frutas (banana ou cerejas fresquinhas!). Em alguns dias também tomei suco, comi pão integral... Sempre acompanhada de um bom café, né?

Em Praga, em um dia fomos a um restaurante/pub para um buffet de café da manhã "all you can eat" (o nosso popular buffet livre!!). Esse foi um dos poucos dias de "orgia gastronômica". Tinha de tudo: pães, bolos, croissants, frutas, vegetais, cereais, feijão (aquele que se come no café inglês típico!),  iogurtes, ovos, linguiça, bacon (pros que comem, hehe) e bebidas diversas (suco, café, água, leite). Comi o que tive vontade e isso incluiu croissants também, como você pode ver na foto abaixo! 

Segundo round no buffet livre de café da manhã!
Mini croissants, pão artesanal e café.
Local: Praga
Almoço e jantar durante a viagem

O almoço foi quase todos os dias na rua mesmo, afinal, turista ama bater perna! Eu não fiz muita pesquisa antes para ter referências de lugares com opções vegetarianas/veganas. Existe um aplicativo chamado Happy Cow, que por meio da sua localização te indica lugares veg, que nessa viagem não usei. Por onde passei, olhava os menus dos restaurantes e vários deles tinham essas opções e gostosas/porções decentes! Em apenas um dia, em Budapeste, que paramos em um restaurante que só tinha opção de entrada veggie e acabei tomando apenas uma sopa de shitake no almoço.


Segundo almoço na Europa: macarrão com molho de tomate, manjericão e queijo de cabra.
Acompanhando: uma cerveja tcheca (mas é na Hungria, hehe).
Local: Budapeste
Os restaurantes asiáticos são muito comuns na Europa, então me dei bem em restaurante chinês, vietnamita e tailandês porque todos sempre tinham pelo menos uma opção! Nesses lugares, o prato costumava ser tofu com molho (molho delicioso, bem apimentado como eu gosto!), arroz (era branco mesmo e tá ok!) e vegetais. Nunca comi tanto tofu na vida!

Um dos meus almoços em um restaurante tailandês: tofu com molho, arroz branco e saladinha!
Local: Bratislava
Novamente em Praga, fomos a um outro restaurante de buffet livre, só que para almoço e o restaurante era oriental. Me joguei, mais uma vez, em vegetais e tofu! Aqui também aproveitei os noodles (macarrão tipo "miojo") feitos de arroz. Uma delícia!

Em Munique, em 2 dias acabei comprando um saladão pronto e complementei com algum produto diferente do supermercado, como nuggets veganos. Adorei testar essas coisinhas!

O jantar não fugiu muito do padrão do almoço. Quase sempre foi na rua e em diversos dias também em restaurante oriental. Em uma ou duas vezes jantei hambúrguer veggie com batata frita e cerveja, e em um dia jantamos pizza "em casa" (de espinafre e marguerita). E por falar em cerveja, ela apareceu algumas (várias) vezes durante a viagem. Nutricionista também é ser humano, viu, gente?! :D

Sendo feliz com cerveja eslovaca e burguer vegetariano com fritas!
Local: Bratislava
Hidratação durante a viagem

Agora é verão na Europa e as temperaturas passavam fácil dos 30º C todos os dias. Água é fundamental sempre, e no calor nem se fala... Eu sempre andava com a minha garrafa de água na mochila.

Por sorte, em algumas cidades (Budapeste, Viena e Roma) havia lugar pra encher a garrafa com água fresca de novo ao longo do dia e de graça! Em Roma, inclusive tinha opção de água com gás em frente ao Coliseu! Achei demais!

Aquele tipo de foto que a Globo não mostra, totalmente espontânea haha
Local: Budapeste
Resumo de tudo: Tentei manter um certo equilíbrio nas refeições, sem deixar de aproveitar bebidas e algumas comidas que tive vontade (no calorão, acabou aparecendo até sorvete ou picolé em alguns dias também). Em Bratislava, tomei um sorvete vegano maravilhoso de castanha! Se você vai viajar, não precisa jogar tudo pro alto porque depois o "preju" é maior, mas também não precisa ficar se privando de provar preparações! Tenha bom senso e aproveite!!

Picolé pode SIM, gente!
Local: Viena