quinta-feira, 23 de junho de 2016

Arroz Branco x Arroz Integral

          Uma das dúvidas mais comuns que vejo por aí, dentro e fora do consultório, é sobre o arroz branco e o arroz integral: por qual devemos optar? Isso porque o arroz costuma fazer parte da alimentação dos brasileiros e, por isso, creio que seja importante responder esta dúvida.  Em geral, nós nutricionistas recomendamos a versão integral, no entanto, muitas pessoas não sabem exatamente o motivo desta recomendação.


Primeiro de tudo: por que chamamos de “integral”? Bom, como o próprio nome sugere, isso se deve ao fato de o grão apresentar-se na sua forma “inteira”, ou seja, não passa por um polimento, como o branco. Por não passar por esse polimento, o arroz integral é escuro, marronzinho, e mantém suas propriedades nutricionais.

Na figura abaixo, há uma pequena comparação entre os dois tipos de arroz. Destaco a quantidade de fibras e os teores de minerais, que são bem maiores na versão integral. Dentre os minerais, vale lembrar que o magnésio é um dos micronutrientes mais importantes para o organismo (você pode ler alguns detalhes clicando aqui).



Eu, Tássia, não vejo problemas em eventualmente consumir o arroz branco, se a pessoa for saudável e se for uma porção moderada. Mas, no dia a dia, o integral torna-se muito mais interessante, tanto para a saúde quanto para objetivos de desempenho esportivo e estética.

Por ter mais fibras, o arroz integral sacia mais, evitando que você fique com fome dali pouco tempo. Para quem deseja reduzir gordura corporal, esse dado é essencial, pois evita possíveis beliscos. Quem não conhece alguma pessoa que mal almoça e logo após já refere ter fome e começa a beliscar balas, biscoitos ou outros doces? Pois é! Ponto para o arroz integral!

Ainda por causa das fibras, o arroz integral pode auxiliar no bom funcionamento intestinal, a manter níveis adequados de colesterol e evitar picos do hormônio insulina no nosso sangue. Quando em excesso, a insulina estimula o estoque de gordura e pode causar problemas de saúde como o diabetes, por exemplo. Logo, para quem já é diabético, um nutricionista pode orientar a melhor forma de consumo, já que sua ingestão (assim como a de outros alimentos) depende da glicemia apresentada pelo paciente.  Esses picos podem ocorrer com o consumo exacerbado de outros carboidratos, como açúcar branco, pães refinados, biscoitos, entre outros.

É bom lembrar que, na verdade, tudo depende do contexto geral de uma refeição. Por isso, nenhum é mocinho ou vilão. Provavelmente ninguém vai comer somente arroz no almoço ou no jantar, né? É possível que ainda tenha nesse prato feijão ou lentilha, saladas cruas, legumes cozidos etc. As leguminosas e os vegetais também são fontes de fibras, portanto, ajudariam a diminuir esse pico de insulina que pode ser causado pela versão branca. Óleos e gorduras, como um bom azeite de oliva, ajudam nesse controle glicêmico também.

Muitas pessoas costumam reclamar da consistência e sabor do integral e, assim como outras preparações, precisamos fazer da forma correta e acrescentar temperos! Aquela medida conhecida de 2 xícaras de água quente para cada xícara de arroz costuma ser válida também para o integral. Porém, costumo colocar um pouco mais. Uma dica bacana é se organizar e deixar os grãos de molho (tipo como se deve fazer com o feijão). Isso ajuda a eliminar parte dos fitatos (substâncias que diminuem a absorção de alguns nutrientes) e ainda o deixa mais macio, “molinho”.

Em relação ao sabor, quando falo de temperos, não me refiro aos temperos de cubinhos ou sachês, tá? Esses são riquíssimos em sódio e aditivos. Se puder mantê-los longe da sua cozinha, melhor! Falo dos temperos naturais mesmo e aí as opções são diversas: pimenta, páprica, orégano, açafrão, cominho, alho, cebola, salsinha... Eu não me apego muito às combinações, se isso “cai bem” com aquilo e tudo mais: testo e coloco o que acho que deixa saboroso. Atualmente, tenho gostado de preparar o arroz com cebola, alho e cominho. Mas se você quiser consumir apenas com um pouco de sal, não tem problema nenhum!

Sendo assim, se puder, opte pelo arroz integral: tem mais fibras e minerais importantes para mantê-lo nutrido, mas faça outras escolhas inteligentes ao longo do seu dia. Como sempre falo: não adianta comer arroz integral todos os dias, que tem o preço um pouco maior, e, ao mesmo tempo, encher o prato de frituras, por exemplo. É preciso ter o velho bom senso de sempre! ;)

Referência:

TACO. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. 4ed. revisada e ampliada. Campinas, SP: UNICAMP, 2011. Disponível em: http://goo.gl/8O6hWi. Acesso em 23 de Junho de 2016.
 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Propriedades do grão-de-bico



          O grão-de-bico é uma leguminosa, assim como os feijões, a lentilha, a soja e a ervilha. Portanto, pode ser usado como alternativa a esses alimentos na nossa alimentação. Porque a regra é clara: tem que ter variedade para a obtenção de diferentes nutrientes e para não deixar as refeições monótonas, seeeempre tudo igual. Eu amo! Se você acompanha minha página no Facebook (acesse aqui), vai perceber que quando posto fotos de refeições minhas, volta e meia tem algo com ele.

Como tem um sabor “neutro”, o grão-de-bico pode ser utilizado em diversas preparações, sejam elas doces ou salgadas. A culinária árabe costuma utilizar bastante o grão para a preparação de seus pratos. Dois exemplos são o homus, que nada mais é que uma pasta do grão com temperos naturais (fica incrível!) e o falafel, um bolinho que originalmente é frito, mas também pode ser feito assado. A pasta pode ser utilizada em pães, torradinhas, recheio da tapioca ou até mesmo servida pura. O grão pode ser utilizado, ainda, para preparo de hambúrguer, como massa de tortas, quiches, empadas e pizzas, como salgadinhos (tipo esses de pacote) ou como parte de bolos (já postei um bolo assim, clique aqui para acessar). Para quem tem dificuldade de comer legumes e verduras, uma ótima dica é acrescentar alguns grãozinhos na preparação das saladas para dar uma “cara nova” e facilitar o consumo.

Vamos ver algumas propriedades?

- É um alimento com carboidratos de baixo índice glicêmico, ou seja, ótimo para controle da glicemia e emagrecimento ou aumento de massa muscular;
- Boa fonte de proteína vegetal, podendo ser utilizado por vegetarianos/veganos e até mesmo por quem não é;
- Possui triptofano, aminoácido que participa da produção de serotonina, aquele neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar (importante para relaxar e melhorar o sono);
- Rico em fibras (sua saúde intestinal agradece);
- Possui magnésio, mineral importante para as rotas de produção de ENERGIA celular e de defesa antioxidante;
- Pode ser um aliado no combate à Tensão Pré-Menstrual (TPM): o magnésio participa do metabolismo de carboidratos e muitas mulheres relatam que têm vontade de comer justamente fontes desse nutriente, como pães, massas, chocolates e outros doces, o que pode ser um sinal de deficiência do mineral. Então, uma excelente estratégia nutricional poderia ser o manejo adequado do magnésio na dieta, promovendo melhora na qualidade de vida. Não, mulherada, ter TPM eternamente não é normal!
- Outros nutrientes que podem ser destacados: ferro, ácido fólico e cálcio.


  Assim como as demais leguminosas, ele possui FITATOS, substâncias que podem prejudicar a absorção de nutrientes, como o ferro, por exemplo. Por isso, é necessário utilizar algumas técnicas de cozimento para diminuir esses fitatos e termos uma absorção adequada. E de que técnica estou falando? Muito simples: apenas deixar os grãos de molho, assim como fazemos com o feijão, por 8 a 12 horas, desprezando a água usada. Deixá-los de molho evita até flatulência (os temidos gases!). Se você fica cheio de “pum” depois de comer um feijãozinho, agora já sabe!

E por hoje é isso, pessoal! Lembrando que, apesar de ótimas propriedades, o que vai determinar o sucesso da alimentação é o conjunto: não adianta comer grão-de-bico porque ameniza sinais e sintomas da TPM, mas, em contrapartida, tomar litros e mais litros de café, que pode aumentar a irritabilidade e ansiedade na fase. Não adianta comê-lo porque é fonte de proteína vegetal, mas esquecer que ele também tem carboidratos (inclusive em maior quantidade). Se não houver o consumo ajustado dele e de outros alimentos, pode haver ganho de peso exagerado. Bom senso sempre e vamos comer grão-de-bico! :D

Dica da nutri Pasquale: Como alguns estranham e acham que escrevo "grão-de-bico" errado, com hífen, saiba que a grafia correta é assim mesmo, pelo mesmo motivo que emprega-se o hífen em "couve-flor" e "erva-doce": palavras compostas que designam espécie botânica/zoológica.

Referência:

TUCUNDUVA, Sonia Philippi. Tabela de composição dos alimentos: suporte para decisão nutricional. 2. ed. São Paulo: Coronário, 2002.

sábado, 2 de abril de 2016

Receita: Panqueca de Banana

Postei na minha página do Facebook recentemente uma panqueca de banana-da-terra que fiz para o café da manhã durante a minha viagem à Bahia. Falei que havia mais de um modo de fazer, mas não passei a receita. Como alguns manifestaram interesse, segue mais uma receita para vocês! Estas da foto eu fiz para levar para a minha última aula da pós. Delícia, delícia!


Ingredientes:
- 1 colher (sopa) cheia de chia/linhaça hidratada em aproximadamente 3 colheres (sopa) de água ou 1 ovo
- Pouco menos de 1/2 xícara de bebida vegetal ("leite" de coco, amêndoas, aveia...) ou água (nessas da foto eu usei suco de maracujá) - Atenção: se usar ovo não é necessário!
- 1 banana média
- 1 colher (sopa) cheia de aveia ou quinoa (usei farinha de aveia)
- 1 colher (chá) de canela em pó
- 1 colher (chá) de fermento em pó (Opcional, mas deixa maiorzinha e mais fofinha)
- 2 colheres (chá) do óleo da sua preferência (usei óleo de coco)

Modo de Preparo 1:
Para hidratar a semente de chia/linhaça, colocar a água com as sementes em um potinho e deixar descansar por alguns minutos (entre 10-20''). Se utilizar ovo, bater com um garfo e reservar. Enquanto descansa, amassar uma banana em um recipiente, adicionar a aveia e os demais ingredientes (exceto o fermento e o óleo) e misturar bem até formar uma massa homogênea. Adicionar as sementes hidratadas e misturar mais um pouco. Por fim, colocar o fermento e mexer. Levar ao fogo baixo em frigideira aquecida com o óleo e deixar dourar dos dois lados (você pode cobrir a frigideira com uma tampa).

Modo de Preparo 2:
Colocar todos os ingredientes no liquidificador e bater até a massa ficar homogênea. Depois é só levar ao fogo da mesma forma que no preparo anterior.
 
Eu dividi a massa em duas porções (2 panquecas), mas pode ser uma só grande ou várias mini panquequinhas. :) Na foto do Facebook, a minha panqueca estava coberta com geleia de maracujá (com as sementinhas e tudo!). Não é obrigatório ter uma cobertura, mas se desejar, é possível utilizar um pouquinho de melado de cana, pasta de amendoim, outras geleias (se possível, sem açúcar)...

Lembrete: As receitas e informações postadas no blog não substituem uma consulta com um nutricionista. Agende sua consulta para um acompanhamento personalizado! 

sexta-feira, 18 de março de 2016

Receita: Hambúrguer de Lentilha

Fala, galerinha!

Voltei de férias na última quarta e já estou retornando à minha rotina. Postei na minha página do Facebook (o quê? Ainda não curtiu? Clica aqui) que não é preciso esperar até a segunda-feira para começar a se alimentar melhor, se exercitar e fazer outra atividade. Qualquer dia é dia! Junto com isso, postei a foto do meu almoço de hoje, cujo "astro principal" (hehe) foi um delicioso hambúrguer de lentilha com quinoa.

Como gosto de deixar as receitas disponíveis para os leitores e pacientes, não seria diferente hoje. Bora conferir?

Almoço da nutri!
 Ingredientes:
- 2 xícaras (chá) de lentilha já cozida com temperos que desejar (usei alho, cebola, pimentão e um pouco de sal);
- 1/2 xícara (chá) de quinoa em flocos (pode ser aveia também)
- 1 colher (sopa) de semente de linhaça hidratada (ou chia) em aproximadamente 3 colheres (sopa) de água (basta deixar a semente com água descansando por alguns minutos - 10-20'');
- 1 colher (sopa) de gergelim (Opcional)
- Temperos a gosto (usei só açafrão)
-  2 colheres (chá) do óleo da sua preferência para dourar (usei de girassol)


Modo de Preparo:
Escorrer a água da lentilha já pronta em um coador e amassar bem com um garfo (ou liquidificar). Adicionar os demais ingredientes e mexer bem até que forme uma massa homogêna (tem que ficar meio "grudenta"). Moldar em formato de hambúrguer e colocar em uma frigideira com o óleo (é pouco mesmo, só para evitar que não grude). Deixar dourar dos dois lados em fogo baixo. Cuidado ao virar o hambúrguer para que não se "quebre". Dica: fechei a frigideira com uma tampa. Rendimento: 4 unidades médias.

A receita, apesar de não levar ingredientes de origem animal, não precisa ser somente para vegetarianos/veganos. Sempre falo sobre variar a alimentação, então essa receita também serve para que suas refeições não sejam monótonas, para aquele dia que você tá inspirado na cozinha e/ou quer preparar algo com o "restô d'ontê" (chiiique, hahaha) no almoço ou no jantar. Enjoy! :)

Você pode conferir outras receitas de hambúrguer vegetal aqui mesmo no blog:


Lembrete: As receitas e informações postadas no blog não substituem uma consulta com um profissional. Para um acompanhamento individualizado, agende uma consulta!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Receita: Muffins de Maçã

Quem acompanha minha página no Facebook (se você não "curtiu" ainda, clique aqui) sabe que participei recentemente de uma oficina culinária do "Viva o Verão", uma colônia de férias para crianças organizada pelo Espaço Ideallis, onde atendo atualmente. Na última oficina, as crianças prepararam deliciosos muffins de maçã! Foi um sucesso!

Como alguns me pediram a receita, decidi postar aqui no blog para vocês. Retirei do meu caderno de receitas e adicionei alguns comentários. Espero que gostem!

Ingredientes:
- 1 e 1/2 xícaras (chá) de farinha de milho
- 1 e 1/2 xícara (chá) de amido de milho
- 1/2 xícara (chá) de açúcar mascavo ou demerara (Ou ajustar conforme o gosto)
- 1 colher (sopa) de canela em pó sem açúcar
- 2 ovos inteiros (se alérgico ou vegano, dobrar a quantidade de óleo)
- 1/2 xícara (chá) de "leite" de coco (Ou o leite que você tiver disponível)
- 1/2 xícara (chá) de óleo da sua preferência
- 1/2 xícara (chá) de uva passa (Na oficina, não utilizamos)
- 1/2 xícara (chá) de oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes...) picadas (Na oficina, não utilizamos)
- 1 maçã grande ou 2 médias picadas em pequenos pedaços com a casca
- Suco de 1 limão (Para passar nas maçãs e evitar que oxidem)
- 1 colher (sopa) de fermento químico em pó

Modo de Preparo:
Em uma tigela, misturar a farinha de milho, o amido, o açúcar e a canela. Bater os ovos com um garfo, acrescentar aos ingredientes secos, bem como o "leite" de coco. Misturar bem e adicionar o óleo. Misturar novamente até a massa ficar homogênea. Colocar as maçãs picadas, as passas e as oleaginosas. Por fim, adicionar o fermento e mexer bem. Distribuir a massa em formas de muffin (untar com óleo). Encher apenas até a metade para permitir que o bolinho cresça. Levar ao forno previamente aquecido por aproximadamente 30 minutos (pode variar conforme o forno). Servir morno ou frio.

ATENÇÃO: Esta receita é para aproximadamente 12 muffins ou 1 bolo em forma redonda média (tipo de pudim). Na oficina, nós "dobramos" a receita e assim tivemos os 12 muffins + 1 bolo.

ATENÇÃO 2: Você pode fazer também com outras frutas. Na semana passada, repeti a receita em casa utilizando pera e ficou igualmente gostoso!

Sugestão de consumo: No café da manhã ou em um lanche de tarde com um café ou chá. Aprecie com moderação! :)