Certamente, você já ouviu falar em "dia do lixo".
Comum nas hashtags pelas redes sociais e na vida dos bodybuilders, essa expressão significa uma “fugida” na alimentação
habitual, geralmente com a ingestão de alimentos altamente calóricos, como fast foods, doces bem elaborados (digo,
ricos em açúcar, cremes, etc), salgadinhos, entre outros.
Acho que falta dar uma olhada no conceito da palavra "lixo"... Foto: Deposit Photos (Editada) |
Eu não gosto da definição “dia do lixo” por dois motivos:
primeiro, porque muitos pensam que é um dia inteiro comendo como se não
houvesse amanhã, e, segundo, porque essa coisa de chamar de “lixo” pode afetar
o lado psicológico, ou seja, a pessoa começa a sentir culpa toda vez que ingere
algo fora do planejado, pois aquilo “não é saudável”. Isso pode virar um
transtorno alimentar, como anorexia nervosa (deixa de comer gradativamente),
bulimia (há formas de compensação após comer, como exercícios excessivos, vômitos
ou uso de laxantes) ou um mais recente, que é a ortorexia (preocupação
excessiva com alimentação saudável, criando fobias com certos alimentos).
Com meus pacientes/clientes, eu costumo orientar refeições
livres e não dia do lixo. O número dessas refeições e a freqüência dependem do
objetivo da pessoa. Se a pessoa deseja reduzir seu percentual de gordura com
mais calma, em longo prazo, ou quer apenas reeducar sua alimentação, sem
precisar mexer no peso corporal, dá para ser mais flexível nas orientações. Por
outro lado, se o desejo é por performance esportiva ou redução de gordura
corporal em um tempo mais curto (o que não significa mágica, tá?), talvez as
orientações sejam um pouco mais restritas. Ou seja, tem a ver mais com escolhas
e parceria entre o nutricionista e o paciente/cliente do que radicalismo. Afinal,
se você paga por um serviço, você quer algum resultado e, para isso, é necessário
estar disposto a dedicar-se!
Além disso, essas refeições livres não servem apenas para
que a pessoa sacie sua vontade por pizza, doces e outras preparações, você
sabia? Esse “método” foi criado para dar um choque no metabolismo, por assim
dizer, já que pode haver estagnação dos resultados, quando a alimentação é
restritiva demais (caso dos bodybuilders
novamente) ou é a mesma por um período longo. Não adianta, o organismo acostuma
e são necessárias estratégias para a pessoa continuar evoluindo, e fazer uma
refeição mais calórica, não necessariamente nutritiva, é uma delas, assim como a troca do plano alimentar e a rotina de exercícios. Por isso,
se você acha que está “abafando” por seguir a mesma alimentação, sem nunca sair
dela, e não está vendo tantos resultados há tempos, pode ser que o “erro” esteja
justamente aí!
Outro ponto que é interessante comentar: ninguém deixa de
ser saudável por fazer essas refeições livres! Ser saudável envolve bem-estar
mental, emocional e físico, bem como o equilíbrio entre um conjunto de hábitos,
e não só ausência de doenças. Digo isso porque já vi, por exemplo, foto de um "mísero" brigadeiro postada na internet com legendas do tipo “cuido tanto da minha saúde
e tô comendo brigadeiro :(“ junto de uma hashtag,
claro, #diadolixo. Amigão, sério mesmo que você acha que sua saúde tá indo pelo
ralo, que amanhã você vai acordar diagnosticado com diabetes, porque comeu UM
brigadeiro na semana? Não é por esse lado. Você tá associando saúde com corpos movidos
a “ foco, força e fé”, que, nem sempre, são saudáveis! ;)
Ainda, alguns ficam preocupados se essas refeições não
prejudicam (já falei lá em cima que podem até ajudar), se vão engordar, no caso de quem quer reduzir adiposidade corporal.
Depende. Se você comer “horrores” e não pratica exercícios (que ajudam a
acelerar o metabolismo), pode ser que sim. No entanto, quem tem uma vida ativa,
provavelmente não terá problemas. Dia desses, uma colega da minha pós-graduação
e eu estávamos falando exatamente sobre isso. Naquele dia, fomos almoçar em um
bom restaurante, comemos bem e depois comemos até sobremesa. Aí comentamos que
perguntam como não engordamos pela quantidade de comida que ingerimos. Ora, durante
a maior parte do tempo, nos alimentamos com comida de verdade, fazemos exercícios
diariamente, então, não é um dia que saímos para almoçar ou jantar fora ou
vamos a uma festa que vai mudar a nossa composição corporal. Se o seu medo era esse,
reforço, mais uma vez, a importância da reeducação alimentar aliada a atividade
física. Não tem mistério!
Sendo assim, as refeições livres ou “dia do lixo”, como
quiserem chamar, não são tão ruins, de uma forma bem geral. Afinal, além de ajudarem a dar um “up” nos
resultados, é uma maneira de manter a vida social, sem que sejamos escravos da
alimentação, pois muitos começam a mudar hábitos e não saem mais de casa! É só
ter cuidado para que esses momentos não sejam exagerados e nem gerem compulsão alimentar (se não houver autocontrole, alguns podem ficar realmente mal após comerem, com desconfortos gástricos, por exemplo) Como sempre, bom senso faz parte da vida! ;) Em caso de dúvidas, consulte sempre seu nutricionista!
Extra: Deixo aqui um post do blog Não Sou Exposição, com algumas outras considerações interessantes sobre o tal "Dia do Lixo". Clique aqui para ler.
Extra: Deixo aqui um post do blog Não Sou Exposição, com algumas outras considerações interessantes sobre o tal "Dia do Lixo". Clique aqui para ler.
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