A flacidez é algo temido por muitas mulheres (alguns homens
também, mas em geral, mais as mulheres) e ocorre quando há baixa regeneração
das fibras colágenas e elásticas, bem como sua desestruturação, além de baixos
estímulos musculares (ver abaixo os tipos). Sua etiologia é, muitas vezes,
multifatorial: fumo, sedentarismo, gravidez, obesidade, distúrbios hormonais,
emagrecimento, baixa ingestão de proteínas, ganho excessivo de peso,
envelhecimento e radicais livres.
Existem três tipos de flacidez, que são: muscular, dérmica
ou de pele e mista (muscular e dérmica associadas). A muscular é mais “fácil”
de resolver, já que inserindo a prática de exercícios no dia a dia,
especialmente exercícios com pesos (aeróbicos não costumam ser suficientes), os
primeiros resultados são visíveis em pouco tempo. Evidentemente que associados
a uma “dieta” isso será potencializado. Enquanto que a dérmica e
a mista precisam de mais cuidados, como a hidratação da pele (não é só água!),
reestruturação das moléculas de elastina e colágeno e exercícios físicos. Quanto mais cedo essa condição for tratada, melhores serão os resultados.
Todos os fatores que podem dar origem à flacidez são
importantes e devem ser analisados. Porém, na prática do nutricionista, o
emagrecimento, que na maioria das vezes é o que leva o indivíduo ao
consultório, merece atenção. Os pacientes chegam bem ansiosos em busca de
resultados e, desde a primeira consulta, temos que explicar que não é só a
perda de peso que importa. Sinais e sintomas (sabia que a sua dor de cabeça ou
até sua acne podem ter relação com a alimentação?) costumam ser melhorados com
a alimentação e, como consequência da mudança de hábitos, o emagrecimento virá naturalmente.
Ainda, é essencial explicar e trabalhar para que não haja uma perda brusca em
pouco espaço de tempo (aquela coisa de - 10 kg em 1 mês), pois a flacidez pode
vir, especialmente a dérmica, mais difícil de tratar.
Se o paciente tiver muito peso para perder (em gordura, por
isso o peso na balança não deve ser parâmetro) ou gordura localizada
(geralmente no abdômen ou culotes, por exemplo), por mais que seja feito um
plano alimentar com todos os nutrientes necessários e essa perda seja lenta,
pode (leia bem: “pode” e não “vai”) haver um pouco de flacidez devido ao
estiramento da pele. Sendo assim, não tem jeito: alimentação e exercícios devem
ser combinados para evitar ao máximo que isso aconteça! Daí também a
necessidade de seguir tudo certinho o que seu “nutri” passou! Se não seguir as
quantidades, pular refeições ou fizer substituições que não estão indicadas, os
resultados podem ser influenciados. Pense nisso!
Diversos nutrientes são fundamentais para evitar esse
processo. Veja abaixo:
- Proteínas, especialmente as de alto valor biológico (AVB):
Auxiliam na síntese e reparação de tecidos, o
que não significa que o consumo deve ser desenfreado! Fontes alimentares: ovos,
frango, peixe, carne vermelha, leite...
- Silício: Reorganiza as fibras de colágeno e elastina,
evitando que a pele perca sua elasticidade natural. Fontes alimentares: aveia, cavalinha,
levedo de cerveja, cebola, lentilha, banana...
- Vitamina C: Preserva a estrutura dos fibroblastos e
essencial para manutenção e síntese de colágeno. Fontes alimentares: acerola,
laranja, limão, goiaba, tangerina, morango, tomate, pimentão...
- Vitamina E:
Protege a membrana celular e potencializa a ação da vitamina C. Fontes
alimentares: ovos, fígado, peixes, castanhas e outras oleaginosas, óleos, como o de milho, de amendoim...
- Zinco: Favorece a renovação celular e potencializa a ação
de enzimas antioxidantes (um exemplo é a SOD – superóxido dismutase). Fontes
alimentares: carne vermelha, algas, ostras, cereais integrais, leite e
derivados, grãos...
- Selênio: Protege as células dos radicais livres, evita
flacidez tecidual. Fontes alimentares: castanha-do-Pará/Brasil, peixes, cereais
integrais...
- Magnésio: Atua na formação de tecidos, participa do
trabalho muscular. Fontes alimentares: Nozes, leguminosas (lentilha,
feijão...), frutos do mar, milho...
- Luteína:
Importante para a hidratação natural da pele: Fontes alimentares: Folhas verdes,
milho, gema de ovo...
- Ômega 3: Também importante para hidratação natural da
pele. Fontes alimentares: alguns peixes (sardinha, atum, cavala, salmão), linhaça, chia...
- Flavonóides:
Ação antioxidante. Fontes alimentares: vegetais, frutas vermelhas, nozes, chás
(verde, por exemplo), cacau em pó, cebola, alho, suco de uva integral (possui
resveratrol)...
Todos os nutrientes citados têm outras funções para a saúde,
portanto, devem estar presentes na alimentação, mesmo que o foco não seja
evitar a flacidez. Ainda, além da alimentação, o nutricionista pode prescrever
no seu plano alimentar alguns suplementos prontos (por exemplo: whey protein,
colágeno hidrolisado e aminoácidos como BCAA e glutamina) e/ou manipulados
(compostos de vitaminas, minerais, podendo ter algum dos citados anteriormente)
para dar uma forcinha extra para seus resultados. Vale destacar que você pode
ter a melhor alimentação e os melhores suplementos, contudo, se não corrigir
hábitos como sono inadequado, baixa ingestão hídrica, tabagismo, álcool e
exposição excessiva ao sol, tudo isso não será tão eficaz.
Quanto aos exercícios físicos, o ideal é procurar um
profissional da área para trabalhar em conjunto com o nutricionista. E, como
complemento, existem hoje em dia diversos tratamentos estéticos e produtos
cosméticos. É claro que não fazem milagres, que em primeiro lugar o que
funciona é a dupla alimentação + exercícios, mas certamente irão auxiliar na
qualidade da sua pele!
Por fim, não esqueça que o envelhecimento é um processo natural, que chega para todos. Logo, por mais que possamos retardar ou atenuar alguns sinais pela alimentação saudável e outros bons hábitos, se um pouquinho de flacidez aparecer e não puder ser tratada, não é necessário ficar neurótico. O que vale sempre é ter saúde para aproveitar a vida! ;)
Referências:
COSTA, Neuza Maria Brunoro; ROSA, Carla de Oliveira Barbosa (Ed.). Alimentos funcionais: componentes bioativos e efeitos fisiológicos. Rio de Janeiro: Rubio, 2010.
PUJOL, Ana Paula (org.). Nutrição Aplicada à Estética. Rio de Janeiro: Rubio, 2011.
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