terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Pesar ou não pesar os alimentos? Eis a questão!


Quem trabalha com Nutrição, especialmente a esportiva, sabe que gramas de alimentos fazem parte da rotina para o cálculo dos planos alimentares dos pacientes/clientes. 100 g de arroz integral, 20 g de aveia, 80 g de macarrão, 100 g de legumes... Mas o que na prática isso representa de alimento? Todo mundo deve pesar absolutamente tudo que come?

Obviamente, não posso falar por todos os nutricionistas do universo, mas pelo que vejo na minha prática a resposta seria NÃO, nem todos precisam pesar os alimentos. Não podemos negar que a alimentação e o resultado do paciente/cliente que pesa os alimentos são muito mais precisos e, dependendo do objetivo (caso de algumas modalidades esportivas), essa precisão é essencial. Atletas de fisiculturismo ou de lutas, que são eventos cujo peso/parte estética do indivíduo conta muito, são exemplos disso.  
 
Considero importante saber o que representa aqueles gramas de verdade, portanto, seria interessante todo mundo ter uma balança de cozinha em casa. É um item relativamente barato (tem de todos os preços, na verdade) e ajuda a ter noção do tamanho das porções eventualmente. Depois, a gente vai pegando o jeito e vai mais no famoso "olhômetro" mesmo. Às vezes, 100 g de um alimento parece ser uma quantidade muito grande. Quando pesamos, vemos que não é "quase nada". O contrário também pode acontecer: pensamos que a porção é pequena e, na realidade, acaba sendo mais do que esperávamos. E aí se você controla, por exemplo, diabetes ou mesmo tem o objetivo de emagrecimento, pode estar comendo menos ou mais do que as suas necessidades e tem resultado prejudicado.

Mas por que eu acho que nem todos deveriam pesar se é mais preciso? Bom, amigos! Como falei, para atletas essa precisão pode ser realmente importante, no entanto, penso que pesar absolutamente tudo, se você é um "ser humano normal" (não que atletas não sejam, hehe, só eles vivem do esporte e a gente não, né?), não é vida, digamos assim. Lidar com a alimentação das pessoas parece fácil, porém, não é. Lidamos, muitas vezes, com pessoas que têm dificuldade de fazer o básico (reduzir industrializados, açúcar, frituras, sal...), que têm crenças infundadas sobre o ato de comer e aí vem o nutricionista e diz que, a partir daquele momento, elas irão pesar TUDO? Isso pode funcionar bem no começo, só que é bem possível que essas pessoas não levem adiante o tratamento (porque sim, acompanhamento para mudança de hábitos é um tratamento). E se não levarem adiante, são pessoas que viverão sempre atrás de "dietas" malucas se precisarem reduzir gordura corporal e nunca terão uma relação SAUDÁVEL com o que comem. Para muitos, vira uma paranoia.

Além disso, também penso na dificuldade que é comer na rua. Alguns atletas/praticantes de exercício carregam suas marmitas "friamente calculadas" (hehe) para cima e para baixo. Se para elas aquilo não é um problema, ok. Contudo, eu não acho bacana eternamente carregar marmitas. Nunca vou poder comer em um restaurante? Não vou poder ir a um casamento e jantar? Porque nessas ocasiões eu não tenho balança, certo? 

Sendo assim, apesar da quantidade em gramas ser bem útil para nós, nutricionistas, eu costumo montar os planos alimentares com isso e também a quantidade aproximada em medidas caseiras, exceto raras exceções. E, dependendo do caso, até sugiro ter a balancinha em casa para tirar as dúvidas. Às vezes facilita até na hora de preparar uma receita, por exemplo.

Eu mesma possuo uma balança de cozinha em casa e quando tenho dúvidas sobre as porções na hora dos cálculos, peso (se tiver aquele mesmo alimento na hora, é claro). Isso também é importante, na minha opinião: o nutricionista saber as porções e ter bom senso na hora da elaboração do planejamento alimentar. Exemplo: na internet e na "vida real", vejo pessoas que comem 100 g de queijo Cottage todos os dias. Para a maioria das marcas do mercado, isso representa 1 pote do produto todo dia! E não sei vocês, mas nem todo mundo tem condições de comprar 1 pote de queijo por dia. Então, o bom senso é super válido tanto pela quantidade em si como pelas condições financeiras daquele que está ali na nossa frente.

Recado dado, pessoal?! Usem a balança com moderação! :P